terça-feira, 22 de dezembro de 2020

O Ensino Remoto e a Face Excludente da Globalização

    É possível perceber desde o início do ENSINO REMOTO neste desafiador ano 2020, tempos da sombria COVID-19, que será preciso retomar muitas habilidades trabalhadas atualmente, ano de 2021. Isto é consenso entre todos os educadores, penso. A reflexão que faço neste momento, para um documento da escola, é a respeito das disparidades de aprendizagem. Elas sempre existiram, mas desta vez estão um tanto quanto angustiantes, porque inegavelmente se seu maior motivo se dá, principalmente em consequência das condições socioeconômicas diferenciadas das famílias, em contexto de pandemia, mais do que nunca.
    O aluno que esteve alheio à conectividade, distante das aulas, da convivência com professores e colegas de turma, teve que esmerar-se para aprender sozinho ou apenas com o suporte pedagógico dos seus responsáveis, quando era o caso de terem tempo ou paciência para apoiá-los. Já os que estiveram conectados conosco o ano letivo inteiro, usufruíram melhor de todas as aulas e dos três projetos educacionais que ousei conduzir ou participar este ano, a saber, o Vasto Mundo, que continua ano que vem, O Africanidades, em parceria com a Prof.ª de História Geovana Novais e o Ways To Shine, criado em parceria com minhas alunas e demais professores da EMEF, que deram um verdadeiro show de encerramento do ano letivo. Tal como na ocasião deste evento, os conectados foram tempo todo desafiados com didáticas inovadoras, acolhidos, ensinados, incentivados, e alcançaram com os nossos e os seus próprios esforços, o melhor de si mesmos. Para eles foi um ano de incrível protagonismo e descobertas, apesar das angústias e demandas exaustivas. Por isso eu digo que valeu a pena! Entretanto, nunca ficarei satisfeita enquanto souber que tive que deixar algum aluno meu para trás, no que diz respeito às condições de aprendizagem, por causa de processos sociais e estruturais mais amplos. Uma criança não poder estudar em pé de igualdade com as demais por causa da miséria, é uma realidade comum, porém é inaceitável! Mais do que nunca, ficou claro o quanto o aclamado processo de Globalização, pode ser cruel e excludente, visto que ficam de fora do das integrações tecnologicamente possíveis, os mais pobres.
O cenário nos remete à indignação e desesperança, mas não está na essência do meu ser desistir. Paulo Freire dizia que não podemos nos acomodar na desistência fatalista de que não é possível mudar o mundo em que vivemos.
Vencemos mais um ano letivo e digo isso em estado de exaustão, apesar de amar minha profissão. O momento agora é de descanso e renovação forças, para voltarmos no ano que vem vigorosos e cheios de estratégias para recuperar dos danos, quantos alunos pudermos dar conta no ano de 2021. O importante é que vidas foram poupadas devido à suspensão das aulas como medida de contenção do vírus.
Em breve despontará no horizonte, o alvorecer de um novo ano. Que ele venha repleto de soluções, a fim de que nossos alunos de todas as condições se sintam de novamente inseridos nos estudos de maneira mais digna, pelo menos da forma que já tínhamos conseguido alcançar antes.
Profª Maria Sandra

Nenhum comentário:

Postar um comentário