Janeiro de 2021, mais precisamente dia 15. Um dia, aparentemente, como outro qualquer, para acordar com disposição, animação, vontade de viver, para aproveitar as férias, trabalhar, procurar emprego, ou no caso de muitas pessoas do Brasil e do Mundo, lutar contra o severo Ceifador de vidas.
São tempos diferentes dos normais. Alguns de nós, passam a maior parte do tempo dentro de suas casas. Outros dizem que não suportam mais o distanciamento e se arriscam até a aglomerar. Outros ainda, não tem como ficar em casa. Os que se mantém praticando o distanciamento, já se acostumaram com o fato de que é preciso agir desta forma por mais tempo. É preciso, inclusive, amadurecer até com isso, na medida do possível. Se não aprendermos nada com essa situação, o que mais será preciso para nos sensibilizar? Costumo dizer que antes da pandemia, me entediava rápido se ficasse muito tempo sem sair. Mas agora sinto como se estivéssemos presos dentro de uma realidade alternativa. As coisas mudaram demais. Ficar me lamentando por futilidades, vai adiantar de que? Por isso, procurando ser resiliente, aprendi várias formas de aproveitar o dia em casa, na companhia de mim mesma, enquanto meu amado trabalha e estou de férias. As vezes eu saio para caminhar, para tentar me entender com minha bike, ir ao mercado, ou raramente, dar uma passada rápida no bairro onde cresci e ver como está a família. Eu sinto tanta falta de todos que só de olhar para eles, já me alegro. Esses dias meu irmão, impulsionado pelo fato de que não nos víamos fazia um tempo, tentou me abraçar, mas de coração partido eu me esquivei dele. Outro dia, cometi o absurdo de não abraçar uma amiga que está de luto. Me senti cruel, mas estranhamente, por outro lado, tenho a certeza de que ainda estamos no duro "tempo de afastarmo-nos de abraçar", por mais que isto nos doa e em situações de luto seja desolador. O que é o certo neste caso? Ainda me pergunto! Ai que saudade de abraçar a mamãezinha, os amigos, os irmãos. Mas precisamos nos convencer de que ainda não está na hora. É minha responsabilidade proteger tanto a mim quanto aos outros. Ame o teu próximo como a ti mesmo, ensinaram os profetas. Isto nos ensinou também o Sumo Profeta! Enquanto o tempo passa, notei que estou com tempo para escrever, ler, cozinhar, focar na dieta, me exercitar. Sempre quis este tempo então tenho que aproveitar, porque é curto. Esta semana me meti até com um tal de fitdance via youtube. Percebi que é uma ótima atividade para eu fazer longe das pessoas. Ouvir e cantar músicas, assistir documentários, ficar rindo feito besta assistindo Modern Family, suspirar como uma adolescente um romance lindo como o Brigerton, ou ficar com a cabeça fervendo após uma série barra pesada como The walking Dead. Eu tô bem impressionada com essa, mas contece que pesados mesmo estão os noticiarios. Busco me ocupar para manter o equilíbrio emocional. Tempos obscuros. Me obriguei hoje, como de costume, a ligar a TV no jornal matutino para acompanhar as notícias do dia, enquanto tomo meu café. Por que eu faço isso em plenas férias? Para que ficar observando diariamente uma onda colossal de tantas notícias ruins? Porque eu não quero e não posso me tornar indiferente a dor das pessoas! Não devo passar o dia atrás destas notícias, mas se por outro lado, me esquivar de todas elas o tempo todo e fingir que a pandemia é inofensiva ou inexistente, como vou traçar uma estratégia para ser parte da solução ao invés do problema? Moderar é preciso. Indiferença, desrespeito, desespero, não. Entretanto, as notícias recentes, em especial as de hoje , foram um tanto quanto desesperadoras sim. Manaus, cidade onde morei cerca de um ano e meio com uma parte da família que reside lá, enfrenta um colapso no sistema de saúde por conta do avanço da COVID-19. Pessoas morreram asfixiadas porque o oxigênio de hospitais da cidade, acabou ou esta escasso em vários. Profissionais de saúde, categoria que está em estado de exaustão a muito tempo, tiveram que decidir quem viveria e quem morreria, mediante ao esgotamento dos recursos para salvar as pessoas ali. Além disso, hoje, as mortes causadas pelo coronavírus passaram de 2 milhões! Sim! Mais de 2 milhões de mortos em cerca de um ano. É de embrulhar o estomago! De se indignar! De lamentar e chorar! De clamar a Deus por misericórdia e pedir aos governos para que nem que seja pelo menos nesta época, parem de disputar o poder e influência sobre as pessoas e territórios feito abutres e se unam para evitar desgraças anunciadas como as que Manaus vêm enfrentando. Que se unam para proteger e conduzir o povo! Utopia? Querer demais? Não deveria ser!
Mas e nós? E eu? E você? Minha vida está muito agradável e confortável. Passo bem de saúde, vivo no meu lar que eu amo. Tenho emprego. Minhas contas estão todas pagas e meus armários tem tudo o que eu quero ter de suprimentos. Mas como é que eu posso ficar totalmente em paz e feliz, sabendo que 2 milhões de pessoas perderam suas vidas para a COVID-19? Como ser indiferente a isto? São pessoas! São vidas! Não dá! Sabe o que traria um pouco de conforto a essas famílias e a todos nós? Saber que foi feito todo o possível para salvar as pessoas deste desfecho! Mas não foi! Se as medidas de prevenção, chatissimas de cumprir, forem cumpridas mesmo assim e isso salvar vidas, não é um sacrifício que valha a pena fazer?
Será que eu, você, os ricos, os pobres, os governos, os líderes religiosos, os religiosos, os céticos, os poderes capitalistas, os comunistas, os brancos, os pretos, os indígenas, os de direita, os neutros, os de esquerda, os radicais, os moderados, os conservadores, os liberais, os jovens, os adultos, os idosos, os homens, as mulheres, os heterossexuais, os homoafetivos, os seres humanos, fizemos o possível para evitar esse horror? Que cada um de nós examine-se a si mesmo e aperfeiçoe a própria postura de enfrentamento à pandemia, pois quanto maiores forem as brechas, as irresponsabilidades, o descaso, o negacionismo, o egoísmo e o individualismo, mais tardará para fartar-se da ceifa de vidas, a foice severa do anjo da morte! Enquanto a humanidade não se entende, inteligente, o virus em mutação, avança e segue sua trajetória macabra, que culmina nos cemitérios.
Devemos nos apressar num esforço individual em favor do coletivo, da totalidade. Mais ainda os líderes, porque as pessoas estão de olho em quem as comanda e na maior parte das vezes prontas para seguir seus exemplos. Eu não sou lá referência nem exemplo de nada para ninguém, mas se em algum momento for ou fui, quem quer que me veja, que veja de máscara, oras! É o minimo! O minimo! Que venham as vacinas! Mas a solução sera gradativa. As medidas de segurança vão ter que continuar! Se isto salva vidas, não cabe mais nem debate!


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